domingo, 24 de novembro de 2013



Extensão e Duração    -    29 Km - 8:30 Horas
Grau de Dificuldade    -    Dificil
Localização    -    
Parque Natural del Lago de Sanabria y alrededores, Zamora
Ponto de Partida / Chegada    -     Laguna de los Peces
Altitude mínima    -    1572 m.
Altitude máxima    -    2127 m.
 
 
 
       Os últimos dias de Novembro marcam o regresso anunciado ás grandes caminhadas. Haviam uns dias de férias para gozar e uma feliz sintonia de ideias surgidas em conversa com um amigo montanheiro, fizeram com que se agendasse uma visita ás montanhas da Sanábria para uma autonomia de dois dias que envolvesse a apetecível e inevitável subida ao cume do Peña Trevinca.
       A aventura teve início no parque de estacionamento junto á Laguna de los Peces, local onde começa e termina a Senda 7, o trilho que faz a ligação directa ao Trevinca. Apesar do céu totalmente limpo e das previsões de bom tempo, as temperaturas estavam muito baixas. Tinha nevado na semana anterior e ainda se podia encontrar bastante neve e gelo.
       Optamos por não seguir esse caminho. Uma vez que tínhamos dois dias para desfrutar da serra fizemos uma rota diferente. Seguimos o trilho em direcção á Laguna de las Yéguas (Senda 9) e daí até ao abrigo Majada Murias. Por lá tomamos a GR 84 que seguimos até esta confluir com a Senda 7 no local onde temos o primeiro e impressionante contacto visual com o incrível vale do rio Tera e com o imponente maciço do Trevinca lá ao longe.
       A partir deste ponto fizemos a aproximação ao vale e rapidamente alcançamos o abrigo de Rio Pedro. Aproveitamos para recarregar energias e inspeccionar o abrigo porque, apesar de os nossos planos apontarem para pernoitar no Majada Trefácio, na serra nunca se sabe bem o que esperar e convém ter sempre um segundo plano. As condições do abrigo estavam longe de ser as ideais.
       Voltamos a pôr os pés ao caminho para atravessar o longo vale do alto Tera até ao maciço do Trevinca. Optamos por deixar as pesadas mochilas no sopé antes de iniciar a subida final até ao cume. Uma vez que a descida seria pelo mesmo caminho subir sem as mochilas ajudou e muito. A subida final até ao cume não é pêra doce. São cerca de 2,5 kms para um desnível de 500 metros. A juntar a tudo isso, a neve e sobretudo o muito gelo também lá estavam para dificultar. Uma grande ajuda para limpar os pulmões!
       Ás 15h05m., hora portuguesa, atingíamos o cume do Peña Trevinca! O cume é a 'taça', o prémio esperado. As paisagens circundantes são arrebatadoras. As encostas mais sombrias completamente cobertas de neve, a contrastar com as mais expostas ao sol. Mas o que mais me impressionou foi a paz e calmaria que pairava naquele local. O azul do céu, um radiante sol de Inverno e uma muito anormal, quase total, ausência de vento faziam com que aquele local fosse incrível e inesperadamente acolhedor. Ali estava em casa!
       Efectuamos a descida, recuperamos as mochilas e seguimos em direcção ao último objectivo do dia: o abrigo de Majada Trefácio, na cauda da barragem de Vega del Conde, onde pretendíamos pernoitar. Chegamos ao abrigo já sem luz natural. Aí fomos surpreendidos pelas péssimas condições do abrigo, com neve espalhada no interior do abrigo (alguém deixou a porta aberta e o vento fez o resto), bastante lixo, os colchões que mais pareciam enormes ninhos de ratos que fizeram logo questão de se mostrarem e dizer que aquilo também lhes pertencia.
       Ficou rapidamente claro que não podíamos passar a noite ali e só tínhamos duas alternativas: ou recuávamos até Rio Pedro ou avançávamos até ao abrigo de Vega del Conde perto do paredão da barragem. Optamos pela segunda opção o que acabaria por se revelar a melhor opção. Para além de as condições serem as melhores dos três abrigos, ficávamos já a caminho para o trajecto do dia seguinte. Desenganem-se aqueles que pensam que os abrigos por ali existentes são a melhor opção para pernoitar. Estão em péssimo estado, o pessoal abandona por lá o lixo e a ratice toma conta do território. A melhor solução é mesmo a tenda ás costas.
       A noite foi fria, safou-nos a lenha que recolhemos nas redondezas que deu para queimar durante a noite, e a manhã estava ainda mais fria. Acabamos por desistir do plano inicial que passava por descer o Cañón del Tera até á Laguna de S. Martin e aí flectir para nordeste em direcção á Laguna de los Peces. O muito gelo existente tornava o percurso muito perigoso e nestes casos a prudência e o bom senso tem mesmo de falar mais alto.
       A solução passou por atravessar o paredão e passar para a margem esquerda do Tera, seguir pelo trilho que acompanha o leito do rio e na zona de El Rubio apanhar o trilho que nos leva até á Laguna de la Ventosa. O trilho sobe bastante até áo Collado da Ventosa, sempre com umas vistas espectaculares sobre a parte superior do Cañón que nos desafiava lá ao longe. Fica prometido o regresso meu caro!
       A partir do Collado foi só descer até junto do parque de estacionamento. Foram 29 kms incríveis, com paisagens soberbas, alguma dureza mas em excelente companhia. Não faltou nunca o espírito de camaradagem e sobretudo um sentido de humor apurado que ajudou e muito a atenuar a adversidades, principalmente as temperaturas muitas vezes abaixo de zero.
       Um grande abraço ao David e outro ao Abel, camaradas desta jornada! Valeu mesmo!
 
 
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     

4 comentários:

  1. Mais uma vez parabens pelo desafio que foi subir ao Pena Trevinca.
    Muito bem descrito e a acompanhar uma bela reportagem fotografica.
    Estão de parabens muitas caminhadas e não parem de divulgar esses belos trilhos.
    Abraço
    Serafim (pisatrilhos)

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    1. Olá amigo Serafim,
      Obrigado pela simpatia.
      Foram dois dias de pura serra com paisagens deslumbrantes. Vale mesmo a pena subir o Trevinca, apesar da 'violência' da subida.
      O propósito é sempre o mesmo: caminhar, caminhar...
      Grande abraço e boas caminhadas.

      Alberto

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  2. Um relato simplesmente deslumbrante que nos transporta para o local, para os momentos vividos e para as muitas gargalhadas partilhadas...Venham mais dessas:-)

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    1. Obrigado David,
      Como sabes tudo não passou de uma situação normal!!! ;)
      Muitas mais se seguirão!
      Abraço

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