Trilhos a Norte

Ás voltas pelo Nariz do Mundo: Em busca da passagem perdida
Extensão e Duração    -    13 Km - 5:50 Horas Grau de Dificuldade    -    Dificil Localização    -     Serra da Cabreira Ponto de Partida / Chegada    -     Moscoso, Cabeceiras de Basto Participantes    -     Alberto - Susana - Miguel - Jorge - Marco
Depois de dias contínuos de mau tempo e apesar das nuvens ameaçadoras que pairavam ao nascer do dia, decidimos avançar para esta caminhada e, verdade seja dita, em boa hora o fizemos!       Inspirados aqui, fomos até Moscoso aldeia pertencente ao concelho de Cabeceiras de Basto, situada no extremo sudeste da Serra da Cabreira. Ao contrário da maioria das caminhadas em que existe um percurso pré-definido que se tenta respeitar, nesta não havia um percurso a cumprir mas sim dois objectivos bem definidos e uma enorme vontade de os executar: Subir ao topo do rochedo a que chamam “Nariz do Mundo” e efectuar a travessia da Ribeira de Cavez a jusante do mesmo Nariz do Mundo!       Á chegada a Moscoso o dia apresentava-se frio e, de carta militar na mão, rapidamente avançamos para uma jornada da qual nada sabíamos do que podíamos esperar e a ideia era mesmo ir á descoberta. Deixando a aldeia para trás seguimos em direcção ao Poco das Relvas, uma queda de água e piscina natural no Ribeiro dos Piares, perto da sua junção com o Ribeiro de Beçós onde a mistura das suas águas formam a espectacular Ribeira de Cavez.       Efectuada a travessia da ribeira subimos a encosta por um caminho de pé posto que nos levaria a um planalto de onde, através de um outro carreiro, temos acesso ao topo do “Nariz”. O ponto cimeiro do Nariz do Mundo é um local singular, impróprio para quem sofrer de vertigens devido ás suas escarpas que formam paredes quase na vertical e com uma vista privilegiada para o fabuloso vale da Ribeira de Cavez que corre lá ao fundo desalmadamente. Nesta altura tive a noção de quanto difícil iria ser a concretização do segundo objectivo do dia: efectuar a travessia do vale e principalmente encontrar o ponto para cruzar o leito da ribeira!       Abandonamos o local e avançamos em direcção a uma casa florestal (da qual não sei o nome, se alguém poder ajudar?), que se encontra em fase de restauro e dai seguimos caminho até um local chamado Rebolar. Este era o ponto mais a Sul da caminhada e o objectivo era tentar encontrar um antigo carreiro de montanha, que vem assinalado na carta militar e fazer uma abordagem ao leito da ribeira no sentido Sul/Norte.       Não foi fácil encontrar o caminho, só á segunda tentativa o conseguimos, o que nos obrigou a recuar algumas centenas de metros, mas a partir do momento que encontramos o rumo certo entramos num mundo simplesmente fantástico!       O caminho segue a meia-encosta pela margem esquerda da Ribeira de Cavez, em direcção a Norte. Por esta altura o sol brilhava aumentando a brutal beleza de todo aquele cenário. Um cenário único! Do nosso lado direito enormes escarpas graníticas vigiavam-nos, á nossa esquerda uma abrupta descida até ao leito da ribeira e na sua margem oposta uma igualmente abrupta encosta apenas rasgada por linhas de água que se despenham pela encosta até encontrarem a ribeira. Em certas partes o caminho era lajeado, obra de corajosas mãos que em tempos remotos rasgavam as mais inacessíveis montanhas.       Á medida que progredíamos através daquele magnífico caminho e cenário, aproximávamo-nos também do leito da ribeira e o ”Nariz do Mundo” crescia diante de nós. Antes de atingir o leito foi necessário atravessar uma zona empestada de vegetação bravia invasora, que nos causou enormes dificuldades e que prova igualmente que aquele caminho caiu em desuso e provavelmente há já muito tempo que ninguém lá passava.       Atravessada essa dificuldade o caminho levou-nos até aquilo que tanto ansiávamos: o local que permite a travessia da Ribeira de Cavez. As pedras estrategicamente colocadas na ribeira ajudaram a vencer o forte caudal que esta apresentava. Na margem oposta jazem as ruínas de um antigo moinho e do que parecem ser algumas casas ou anexos, tudo isto no sopé do local onde horas antes tínhamos estado: o Nariz do Mundo!       Ficava assim cumprido o segundo objectivo a que nos propusemos. É possível a travessia daquele fundo vale e sou levado a concluir que seria aquele o caminho utilizado pelas populações de Moscoso e Formigueiro para se deslocarem até Meijoadela e vice-versa.       Restava agora a penosa subida da encosta até próximo de Formigueiro para depois seguir o caminho através do planalto que nos levou de volta até Moscoso, onde o Sol se espraiava pelos verdejantes campos de pastoreio.       Foi uma espectacular caminhada num dos mais belos recantos da Serra da Cabreira (mais um…), onde a coragem e a tenacidade do pessoal esteve sempre presente! Uma aventura sonhada e agora concretizada em que grande parte dos 13 kms. percorridos foram de elevado grau de dificuldade e de difícil progressão, onde nem sempre se conseguia vislumbrar caminho ou carreiro! Haja coragem!             Um muito obrigado aos camaradas de jornada!