domingo, 30 de setembro de 2012

Trilho da Vezeira-Gerês


Extensão e Duração    -    22 Km - 9 Horas
Grau de Dificuldade    -     Elevado
Localização    -    
Fafião - Cabril
Ponto de Partida / Chegada    -     Centro da Aldeia de Fafião
Participantes    -     Alberto - Dulce - Miguel - Filipe - Edgar - Sónia - Laetitia - Sampaio - Margarida - Jorge - Marco

 

Desta vez fomos até ao Gerês, mais concretamente até Fafião, para efectuar o Trilho da Vezeira. Há já algum tempo que este trilho estava nos planos e as expectativas não foram defraudadas. O trilho é belíssimo, um dos mais belos do Gerês, com paisagens deslumbrantes que mais parecem terem sido desenhadas a pincel, ou então retiradas de um qualquer livro do universo Tolkieniano.
Saímos de Fafião aos primeiros raios de sol, céu limpo, temperatura agradável, condições óptimas para um dia passado na montanha. O inicio do trilho faz-se por um caminho florestal que nos leva até ás partes altas da aldeia, mas é no momento em que se abandona esse estradão e se entra no caminho de pé posto, mariolado, que a aventura se inicia verdadeiramente.
O caminho até ao Porto da Laje é deslumbrante! Dobram-se encostas, desafiam-se vertigens, atravessa-se a Corga Funda, sempre na companhia do rio Porto da Laje e com as Sombrosas a servir de pano de fundo e a crescer á medida nos aproximamos. Antes da represa, do nosso lado esquerdo, o abrigo da Choupana.
Depois de contornar a represa, com o seu belo espelho de água, rapidamente se chega á cabana Touça. Incrível a sua localização: confluência do rio Laço, rio da Touça e Corga do Salgueiro. Local estratégico e arrebatador!
A esta altura já as Sombrosas dominam a paisagem. Aquela travessia através da margem direita do rio da Touça é algo penosa. O caminho é íngreme e duro, ora sobe ora desce, e sempre com aquela enorme parede do outro lado do vale do nosso lado, sempre a vigiar-nos, imponente e majestosa, e nós ali rendidos aos seus pés.
Já perto das Fechinhas há uma aproximação ao leito do rio e caminha-se agora por entre enormes troncos de carvalho, ali de pé, mortos por um qualquer incêndio assassino. Consegue-se perfeitamente imaginar o que ali existiu no passado: uma pujante floresta de enormes carvalhos! Contorna-se as Fechinhas e paragem junto á cabana para enganar o estômago. Por esta hora já o caminho tinha provocado algumas mazelas no grupo. Mas há que ganhar coragem para o que agora estava ali, mesmo á nossa frente: a subida para a Mourisca!
A subida é dura e parece interminável, principalmente quando se tem de enveredar pela encosta do lado esquerdo e literalmente 'trepar' por lá acima. E de repente num piscar de olhos, do outro lado do vale, o prado do Conho espreita por entre a penedia. Chegados ao topo consegue-se finalmente avistar a Rocalva e mais ao fundo a Roca Negra. O casamento perfeito! Parecem duas sentinelas, ali, atentas a tudo o que se passa.
Por esta altura a respiração estabilizava e o terreno menos acidentado ajudava a concentrar forças para o que restava, e não era pouco. O prado da Rocalca, airoso e com muita ocupação, o Cutelo de Pias ao fundo a romper da montanha e a desafiar a Cabreira lá ao longe, o Videirinho, até chegar ao lombo com vistas para os incríveis vales dos rios Laço, de um lado, e Conho, do outro.
A partir daqui é sempre a descer. Passagem pela bucólica cabana Pradolã com vista privilegiada para os Bicos Altos. Mais abaixo o Curral da Carvalhosa. O dia já ia longo e o sol começava a dar sinais de se querer esconder.
Fafião já estava perto e depois foi só descer até á estrada que liga a aldeia á Ermida e subir até ao local de onde tínhamos partido de manhã bem cedo. Aqui já o sol se tinha posto e nós ali estávamos, 22 kms. depois, todos juntos, tal e qual tínhamos começado!
É um daqueles trilhos que provoca enormes emoções, que prende os sentidos, que nos faz querer ansiosamente dobrar a encosta em busca do que está para lado de lá, mas é igualmente um trilho duríssimo, principalmente para os menos habituados a estas andanças.
É longo, com fortes declives, e fazer este trilho sem se estar preparado pode-se tornar uma experiencia dolorosa, mas nada é fácil e no que a este trilho diz respeito a mãe natureza está lá para nos retribuir o esforço. Em grande!